domingo, 30 de dezembro de 2012

BREVE REFLEXÃO SOBRE PARTIDOS POLÍTICOS


Eu não tenho uma visão tão pessimista e desesperançosa da política partidária, embora reconheça que o quadro está cada vez mais defasado, e em se tratando de Brasil, estamos falando de níveis absurdos, intoleráveis! Entretanto, dizer que é tudo igual, que nada presta, equivale a declarar a falência do sistema democrático e de suas instituições políticas, o que eu acho perigoso, pois, por pior que estejam alguns dos nossos maiores partidos, o fato é que precisamos deles. É isso ou a ditadura e o fascismo.

Há uma frase que sabiamente sintetiza bem essa lógica: “A Democracia é o pior dos regimes, a exceção de todos os outros”. Ou seja, por piores e asquerosas que possam ser as barganhas, dissimulações, conchavos, jogos de cena, discursos demagógicos e atos de impressionismo e pirotecnia política, aspectos da chamada Real Politik- que é inerente ao jogo político dos partidos nas democracias representativas - ainda sim é imensamente preferível o regime democrático ao totalitarismo das ditaduras.




Bem ou mal, os partidos são parte imprescindível da estrutura político-democrática no Brasil (e no restante do mundo), peças-chave para transformar proposições sociais em medidas concretas. Eu acredito que corrupção existe e sempre vai existir, em maior ou menor escala, nos partidos e nas administrações públicas, pois ela está presente em todos os níveis e grupos da sociedade.


Faz parte da natureza humana infringir normas e subverter valores, somos naturalmente e propensos a transgressão e a falha.  O que se faz em relação a isso, ou seja, como (e se) se combate a corrupção, os desmandos, a bandalheira é o que é, de fato, importante e faz a diferença.



Em relação a PT e PSDB, os dois mais importantes partidos do Brasil, a corrupção nos duas siglas foi praticada por pessoas restritas a grupos partidários. É bem verdade que em alguns casos eles contavam com o apoio do establishment  partidário em vigência, mas uma vez descobertos, houve as devidas investigações.

Governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB-GO)

Isso no caso do PT, porque no PSDB sempre houve a tradição de engavetamento e não-investigação, vide o recente resultado da CPI do Cachoeira e a presença - sem um milímetro de pudor - de figuras como Cícero Lucena (preso pela PF), Cássio Cunha Lima (cassado pelo TSE por crime eleitoral) e Marconi Perilo (ex-indiciado da CPI do Cachoeira e suspeito de favorecer o próprio no governo de Goiás) todos ocupando funções importantes na estrutura política do partido.




Os senador Cícero Lucena (à esquerda) e  Cássio Cunha Lima (à direita ), ambos do PSDB-PB

Considero que há bons quadros tanto no PT como no PSDB, cada um no seu respectivo espectro político-ideológico. Prefiro os do PT porque existe no partido um projeto político governamental progressista, voltado para o desenvolvimento e estruturação nacional aliado as políticas de ascensão social e diminuição da pobreza, bem como suporte a grupos sociais historicamente excluídos e ideias culturais avançadas.

O PSDB, por sua vez, adota e tem reforçado cada vez mais o discurso conservador, contra as políticas afirmativas das minorias marginalizadas e favor da liberalização da economia (vide as privatizações) e de uma política econômica entreguista, aliada ao eixo de Washington nos EUA e contrária a integração regional com os países da América Latina, além de leniente e submissa em relação aos bancos e a especulação financeira.


Engana-se ledamente quem tem a visão ingênua - ou  ignorante - de que se votam apenas nos candidatos, nas pessoas e não nos partidos. Cada candidato, por mais independente que possa ser, não consegue fugir do programa do partido, afinal, ele, juntamente com os demais partidos aliados, que lhe dá sustentação política no governo de coalizão. Assim sendo, eu opto pelos partidos visando seu programa e posicionamento ideológico. Acho que ficar nessa discussão de “quem rouba mais” é um desserviço a democracia e desvirtua o foco do debate essencial: propostas, programas e visões políticas de gestão pública.

Nenhum comentário:

Postar um comentário