sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

A INSUSTENTÁVEL INQUIETAÇÃO DO ANSIOSO



Ansiedade! Para muitas especialistas, a patologia do Século XXI. Eu, como ansioso patológico, observador compulsivo, tenho de lidar diária e recorrentemente com essa sensação frenética e ambígua. Quem “sofre” desse “mal” tem de lidar diariamente com pensamentos , sensações, obsessões psicológicas em maior ou menor grau,  que incidem sem hora ou razão específica. Geralmente se acentuam em momentos de clímax, de indecisão, de ação e escolha cruciais ou mesmo em situações de tensão corriqueira.

Para o ansioso não existe estabilidade emocional. Cada dia é uma nova sequencia de detalhes, angústia, alegria, euforia e melancolia, esperança e desesperança, TUDO JUNTO E AO MESMO TEMPO! É matar um leão por dia! A sensibilidade de cada um também contribui pra esse estado constante de ciclotimia emocional. Há pessoas que absorvem em maior escala sentimentos e sensações acerca do cotidiano, que traçam mil conjecturas para cada ação, cada possibilidade implícita e explícita no processo de pré-ação, ação efetiva, consequências e precedentes! Eu sou um desses!

Dizem que as mulheres são seres paranoicos, neuróticos por natureza, e salvo algumas raras exceções, eu tento a concordar em parte com essa lógica. Mas uma mulher tranquila não chega nem perto da neurose de um homem ansioso. Uma mulher ansiosa então... sai de baixo que até o cosmos é influenciado pela energia quântica que ela libera na atmosfera!

Brincadeiras à parte, para o ansioso, homem ou mulher, nada é tão simples. Escrever um texto omais simples que seja, cumprimentar alguém na rua, fazer uma declaração sentimental, tudo é como uma empreitada odisséica cotidiana a ser desbravada, pois as possibilidades e conjecturas que passam pela mente do ansioso são tamanhas que por vezes se fica paralisado, letárgico, sem ação para iniciar a ação!


No cinema, uma das minhas grandes paixões, há diversos ansiosos extraordinários, criativos e apaixonantes, neuróticos e inquietos! Os de Woody Allen são meus favoritos! Me identifico muito com o noivo neurótico de “Annie Hall”, o artista confuso e apaixonado de “Manhattan”, o adulto “perdido” de “Hanna e Suas Irmãs”,  o intelectual insatisfeito de “Meia Noite Em Paris”, dentre inúmeros outros woodyalleanos ou não.


A ansiedade nem sempre é algo nefasto, na dose certa pode render momentos criativos, divertidos, impagáveis! No entanto, pra quem é ansioso patológico como eu, ela mais onera que bonifica. Não acredito em ansioso tranquilo ou relaxado, mas em menor grau de inquietação. Está-se mais inquieto ou menos inquieto, pois a inquietação por vezes está “hibernada”, mas permanece e volta vigorosa ao menor sinal de ação à vista! Quietude mesmo só ao dormir, e assim mesmo, o mundo subconsciente dos sonhos, esporadicamente, trata de introduzir boas doses de êxtase.

Ainda assim, prefiro sempre a inquietação a quietude covarde e conivente! Antes a perturbação a conveniência letárgica, a mediocridade de um cotidiano anódino, frio, sem vida, arte e poesia! Minha ansiedade existe e tenho e terei sempre de lidar com ela, o importante é nunca irei quietar de inquietação, nunca me conformarei nem tentarei calar a voz interior que pulsa, a voz da crítica, da emoção e da subjetividade. Ansiar é humano, não ansiar nada nem inquietar-se de vez em quando é como renegar a condição de humanidade.

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