quarta-feira, 20 de março de 2013

A INTELECTUALIDADE E O ATO DE ESCREVER. OU: PORQUE ESCREVO







Não sou nem nunca fui intelectual. Também não tenho a pretensão fútil e exibicionista de me autodeclarar e/ou ser titulado como um. Talvez alcance a excelência que tal nomenclatura exige algum dia, depois de comer muito “feijão com arroz” cultural e “cozinhar” (produzir) intelectualmente coisas mais consistentes - e não apenas fragmentos subjetivos como faço hoje na internet.


Por que costumam me definir assim? Sinceramente, não sei ao certo. Acho que talvez porque o quadro intelectual hoje em dia anda tão fraco e defasado que uma pessoa que tem uma pequena noção de alguns assuntos, um mínimo de racionalidade e razoabilidade, que sabe ligar “lé com cré”, acaba sendo elevado involuntariamente a essa categoria, o que talvez também ocorra comigo. À bem da verdade eu não escrevo pra ser vangloriado.

Escrevo tão simplesmente para expressar o que penso e o que sinto, é como uma válvula de escape por onde deixo “transbordar” toda gama de informações, conhecimentos, paixões e percepções adquiridas, fazendo-o de modo estilizado textualmente. É uma catarse.

Obvio que gosto quando meu texto apreciado e mais ainda quando alguém se propõe a refuta-lo integral ou parcialmente, pois é nesses embates que consigo extrair síntese subjetiva pra muitos assuntos. Não obrigo ninguém a concordar comigo. Tampouco sou obrigado a assentir uma opinião contrária quando convencido justamente... do contrário!

Alguns já disseram que escrevo “muito difícil” que meus textos são de alta complexidade semântica, mas eu discordo. Discordo porque consigo estabelecer excelentes interlocuções com pessoas no facebook e neste blog e grande parte delas nem é acadêmica ou frequenta os circuitos culturais e intelectuais que frequentei e eventualmente ainda frequento. São pessoas simples que tem uma compreensão e um discernimento muito bons e a quem me lisonjeia a apreciação textual. E hoje em dia tudo está mais fácil de se interpretar. Se não conhece um palavra ou expressão? Simples: joga no Google! São as facilidades inerentes a nossa (pós)modernidade.

Também não gosto de subestimar ninguém. É verdade que muito de vez em quando alguém sem muita base e fundamentação se propõe a objetar o que escrevo e acaba “viajando na maionese” legal. Mas levo na esportiva, acho espirituoso até, me distrai, confesso. O grande barato é que esse se tornou um espaço maravilho de interação, onde pude conhecer pessoas brilhantes, de percepção aguçada e perspectiva de vida maravilhosas. Algumas eu tive o prazer e a honra de conhecer pessoalmente. Outras ainda estou no aguardo. Algumas já conhecia e admirava e pelo que postam aqui passei a admirar ainda mais. Tem também os que não surpreenderam e os que me decepcionaram.


                                  


Tudo faz parte do grande mosaico da cultura e da integração humana. Apesar de tudo, tenho renovada fé no ser humano e na sua ação transformadora. Palavras expostas numa tela virtual podem não parecer muito substanciais, mas seu impacto pra quem lê e a ação de quem as escreve fazem uma diferença monumental em muitos aspectos.


Como dizia Clarice Lispector, escrevo porque se não o fizesse seria como se eu “morresse simbolicamente” todos os dias. Escrevo para me manter vivo e estimulado, pra ajudar a me compreender melhor e também as pessoas de um modo geral. Escrevo, como dizia a poeta, “porque o instante existe” e nele reside toda a beleza e grandiosidade de viver. Tentar traduzi-lo em palavras: eis a minha principal missão. A todos que me leem – esse post ou qualquer outro – obrigado por me ajudarem a ser mais humano e mais feliz.

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