Eu não tenho uma visão tão pessimista e desesperançosa da
política partidária, embora reconheça que o quadro está cada vez mais defasado,
e em se tratando de Brasil, estamos falando de níveis absurdos, intoleráveis! Entretanto,
dizer que é tudo igual, que nada presta, equivale a declarar a falência do
sistema democrático e de suas instituições políticas, o que eu acho perigoso,
pois, por pior que estejam alguns dos nossos maiores partidos, o fato é que
precisamos deles. É isso ou a ditadura e o fascismo.
Há uma frase que sabiamente sintetiza bem essa lógica: “A Democracia é o pior dos regimes, a exceção de todos os outros”. Ou seja, por piores e asquerosas que possam ser as barganhas, dissimulações, conchavos, jogos de cena, discursos demagógicos e atos de impressionismo e pirotecnia política, aspectos da chamada Real Politik- que é inerente ao jogo político dos partidos nas democracias representativas - ainda sim é imensamente preferível o regime democrático ao totalitarismo das ditaduras.
Bem ou mal, os partidos são parte imprescindível da estrutura político-democrática no Brasil (e no restante do mundo), peças-chave para transformar proposições sociais em medidas concretas. Eu acredito que corrupção existe e sempre vai existir, em maior ou menor escala, nos partidos e nas administrações públicas, pois ela está presente em todos os níveis e grupos da sociedade.
Faz parte da natureza humana infringir normas e subverter valores, somos naturalmente e propensos a transgressão e a falha. O que se faz em relação a isso, ou seja, como (e se) se combate a corrupção, os desmandos, a bandalheira é o que é, de fato, importante e faz a diferença.
Em relação a PT e PSDB, os dois mais importantes partidos do Brasil, a corrupção nos duas siglas foi praticada por pessoas restritas a grupos partidários. É bem verdade que em alguns casos eles contavam com o apoio do establishment partidário em vigência, mas uma vez descobertos, houve as devidas investigações.
Governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB-GO) |
Isso no caso do PT, porque no PSDB sempre houve a tradição de engavetamento e não-investigação, vide o recente resultado da CPI do Cachoeira e a presença - sem um milímetro de pudor - de figuras como Cícero Lucena (preso pela PF), Cássio Cunha Lima (cassado pelo TSE por crime eleitoral) e Marconi Perilo (ex-indiciado da CPI do Cachoeira e suspeito de favorecer o próprio no governo de Goiás) todos ocupando funções importantes na estrutura política do partido.
Os senador Cícero Lucena (à esquerda) e Cássio Cunha Lima (à direita ), ambos do PSDB-PB |
Considero que há bons quadros tanto no PT como no PSDB, cada um no seu respectivo espectro político-ideológico. Prefiro os do PT porque existe no partido um projeto político governamental progressista, voltado para o desenvolvimento e estruturação nacional aliado as políticas de ascensão social e diminuição da pobreza, bem como suporte a grupos sociais historicamente excluídos e ideias culturais avançadas.
O PSDB, por sua vez, adota e tem reforçado cada vez mais o discurso conservador, contra as políticas afirmativas das minorias marginalizadas e favor da liberalização da economia (vide as privatizações) e de uma política econômica entreguista, aliada ao eixo de Washington nos EUA e contrária a integração regional com os países da América Latina, além de leniente e submissa em relação aos bancos e a especulação financeira.
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