Há exatos 20 anos o Brasil era chocado por um dos mais
bárbaros crimes de que se tem conhecimento: o assassinato da jovem e promissora
atriz Daniella Perez, filha da novelista Glória Perez que escreve a atual
novela das 9 da Rede Globo. Foi também um crime onde seu desvelamento ocorreu
em tempo recorde: menos de 24 horas depois de ato consumado e do corpo da
vítima ter sido encontrado.
O responsável: o colega de Daniella, Guilherme de Pádua, à
época também jovem e ator de carreira ascendente que fazia par romântico com
ela na novela “De Corpo e Alma”, escrita por Glória. Ele a assassinou em
cumplicidade com sua então esposa, Paula Thomaz.
Há muitos detalhes do caso, versões que foram dadas - depois
refutadas, mudanças de depoimento, mas ao final do processo obteve-se através
de testemunhas, provas e evidências materiais e situacionais, além da perícia,
um único resultado plausível: Daniella Perez foi assassinada com dezenove
golpes de punhal (segundo a perícia não foi tesoura, como declararam os
assassinos) no banco traseiro do carro do ator Guilherme de Pádua e com a ajuda
de sua mulher Paula Thomaz.
Daniella Perez e seu marido, o ator Raul Gazola
A mãe Glória Perez, o Marido Raul Gazola e Daniella Perez
Recentemente, Guilherme concedeu uma entrevista a TV Record
em que deu – mais uma vez – uma versão diferente para a morte de Daniella.
Disse que estaria sendo manipulado pela então mulher Paula e que essa teria
desferido os golpes que ceifaram a vida da jovem atriz, então com 22 anos.
Guilherme durante a entrevista na TV Record, em dezembro de 2012Guilherme à época do crime, em 1992 |
Guilherme hoje diz-se evangélico, arrependido pelos crimes
que cometeu e redimido pelo Amor em
Cristo. Bem, não é exatamente um discurso novo. São vários os recorrem a
religião para tentar atenuar o peso de seus atos, melhor a imagem, ganhar
status. O Cristianismo prega que se o arrependimento é verdadeiro, é possível a
remissão dos pecados e a Salvação. Como cristão eu concordo, com algumas
ressalvas.
A primeira delas é de que não pode existir arrependimento
verdadeiro alicerçado numa mentira. Arrepender-se pressupõe assumir o erro e
não nega-lo e/ou tentar minimizar a responsabilidade dos fatos para melhorar a
imagem. A outra é que cada pessoa tem uma natureza, um instinto, uma forma
única de sentir e perceber o mundo e esta não pode ser modificada de forma
definitiva. Abrandada talvez, mas não alterada completamente. Portanto, - como
comprova a ciência através do mapeamento genético juntamente a psiquiatria, que
define o conceito de psicopata – PSICOPATA NASCE, PSICOPATA MORRE!
É um absurdo que menos de 8 anos após o fato Guilherme e
Paula tenham conseguido a progressão do regime de prisão para o regime
semi-aberto, em 1999. Ele fora condenado a 19 anos, ela a 18. Os dois hoje
estão livres. Paula mora no Rio de Janeiro num apartamento em Copacabana e
Guilherme em Belo Horizonte, onde frequenta a Igreja Batista da Lagoinha.
Esse crime entrou para os anais da história jurídica
brasileira não apenas pela barbaridade do ato e por envolver pessoas famosas,
mas por ter desencadeado uma mudança na legislação para as penas de assassinato.
Antes o homicídio qualificado
(praticado por motivo torpe ou fútil ou com crueldade) não era considerado crime hediondo e podia
ser pago por fiança ou com uma pena branda.
Paula hoje, à esquerda, e num mural com fotos de jornais à época do assassinato. |
Paula em 1992 |
Depois do assassinato da filha a
autora Glória Perez iniciou uma mobilização nacional para recolher assinaturas
solicitando o endurecimento da pena para assassinato qualificado e a inclusão
no rol dos crimes hediondos. Foi a primeira mobilização popular em torno de uma
emenda jurídica da história do Brasil e recolheu mais de 1 milhão de
assinaturas, possibilitando a alteração da lei no Código Penal brasileiro.
Segundo a versão dada na recente entrevista, Guilherme alega não ter
dado os golpes que mataram Daniella e sim Paula, sua ex-mulher a quem no início
chegou a até a inocentar. Tenta, dessa forma, amenizar sua culpa no caso,
passar a impressão de que foi cooptado, coagido e não planejado e executado
friamente o assassinato como as provas do inquérito peremptoriamente demonstram
e como ele próprio admitiu à época do acontecido.
Não acredito em versões fajutas incompatíveis com as muitas evidências
de um crime. Não acredito nas manifestações de arrependimento de alguém que
sempre demonstrou frieza e insensibilidade-
durante o júri do caso, a postura
de Guilherme era gélida: não ria, chorava ou demonstrava remorso. Diante de
colegas perplexos face ao acontecido, ele questionava apático “Como é que fica
a gravação amanhã? E o roteiro?” - e não acredito em conversão cristã oriunda
de uma mentira oportunista! Ainda mais vinda de um psicopata originário do
submundo, onde foi garoto de programa e explorava financeiramente homens e
mulheres, fato que ele hoje nega.
Mesmo se fosse real e coerente a versão publicizada agora por
ele, em que isso o distinguiria de um assassino frio e cruel? Daniela foi morta
com 18 golpes de punhal, não foram duas, três ou quatro, MAS 18! Golpes esses
que atingiram pulmão, coração e pescoço, levando-a ao óbito e interrompendo a
vida de uma jovem alegre e promissora.
Alguém de boa índole com certeza não assiste impassível uma
pessoa golpear a outra até a morte. O inquérito concluiu não só que Guilherme
dera o soco que deixara Daniela desacordada e, portanto, indefesa, mas também
ajudara a mulher Paula a golpeá-la.
Os motivos para o crime seriam os ciúmes que a Paula sentia
de Daniela, que fazia par Romântico com ele na novela, e a ambição de Guilherme
em ascender na carreira se ator, assediando notadamente Daniela com objetivo de
aumentar a participação na trama escrita pela mãe da jovem.
Motivos torpes e mesquinhos – não que haja motivos nobres
para assassinato-, duas pessoas frias e calculistas, que antes do crime
tatuaram o nome de um no órgão sexual do outro para selar a “união” e o “pacto
do crime”. Um psicopata frio e ambicioso e uma mulher mimada, descontrolada e
imprevisível, esses eram – E ESSES SÃO – Guilherme de Pádua e Paula. Como o crime aconteceu antes de ser aprovada a lei, Guilherme e Paula ficaram presos por um período ínfimo, tendo rompido e se acusado mutuamente durante esse espaço de tempo.
A vida para a nossa legislação criminal vale pouco, coisa de
10 a 16 anos recluso em regime fechado, caso seja aplicada uma pena exemplar.
Valia ainda menos há 20 anos atrás! Fosse num outro país, como os EUA, ou como
um exemplo mais próximo, a Argentina, os dois teriam sido, provavelmente,
condenados a prisão perpétua ou a pena de morte (no caso dos EUA, e que eu sou
radicalmente contra, deixo claro!), não estariam circulando pelas ruas, morando
em condomínios de luxo à beira-mar NA MESMA CIDADE ONDE MORA A MÃE DA VÍTIMA e
muito menos dariam entrevistas a uma emissora de TV pagando de bonzinhos e injustiçados.
Glória Perez com Daniella ainda bebê. |
Mas estamos no país da impunidade, o Paraíso dos
contraventores! Nesse Brasil, a vida de alguém, infelizmente, pode valer muito
pouco. Menos de oito anos preso, pra ser mais preciso.
Abaixo, alguns links com informações sobre o caso:
Abaixo, alguns links com informações sobre o caso:
Deveria ter prisão perpétua para este crime horroroso. Mas vivemos num país de contrários onde o certo é errado e o errado é o certo. Vivemos uma inversão total de valores onde crimes como os que mataram Daniela Perez e Elísia Samúdio são vistos com normalidade e punidos brandamente e os responsáveis viram personagens de self..... Meu Deus, tenha misericórdia e nos livre disso !
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