Ansiedade! Para muitas especialistas, a patologia do Século
XXI. Eu, como ansioso patológico, observador compulsivo, tenho de lidar diária
e recorrentemente com essa sensação frenética e ambígua. Quem “sofre” desse
“mal” tem de lidar diariamente com pensamentos , sensações, obsessões psicológicas
em maior ou menor grau, que incidem sem
hora ou razão específica. Geralmente se acentuam em momentos de clímax, de
indecisão, de ação e escolha cruciais ou mesmo em situações de tensão
corriqueira.
Para o ansioso não existe estabilidade emocional. Cada dia é
uma nova sequencia de detalhes, angústia, alegria, euforia e melancolia,
esperança e desesperança, TUDO JUNTO E AO MESMO TEMPO! É matar um leão por dia!
A sensibilidade de cada um também contribui pra esse estado constante de
ciclotimia emocional. Há pessoas que absorvem em maior escala sentimentos e
sensações acerca do cotidiano, que traçam mil conjecturas para cada ação, cada
possibilidade implícita e explícita no processo de pré-ação, ação efetiva,
consequências e precedentes! Eu sou um desses!
Dizem que as mulheres são seres paranoicos, neuróticos por
natureza, e salvo algumas raras exceções, eu tento a concordar em parte com
essa lógica. Mas uma mulher tranquila não chega nem perto da neurose de um
homem ansioso. Uma mulher ansiosa então... sai de baixo que até o cosmos é
influenciado pela energia quântica que ela libera na atmosfera!
Brincadeiras à parte, para o ansioso, homem ou mulher, nada
é tão simples. Escrever um texto omais simples que seja, cumprimentar alguém na
rua, fazer uma declaração sentimental, tudo é como uma empreitada odisséica
cotidiana a ser desbravada, pois as possibilidades e conjecturas que passam
pela mente do ansioso são tamanhas que por vezes se fica paralisado, letárgico,
sem ação para iniciar a ação!
No cinema, uma das minhas grandes paixões, há diversos
ansiosos extraordinários, criativos e apaixonantes, neuróticos e inquietos! Os
de Woody Allen são meus favoritos! Me identifico muito com o noivo neurótico de
“Annie Hall”, o artista confuso e apaixonado de “Manhattan”, o adulto “perdido”
de “Hanna e Suas Irmãs”, o intelectual
insatisfeito de “Meia Noite Em Paris”, dentre inúmeros outros woodyalleanos ou
não.
A ansiedade nem sempre é algo nefasto, na dose certa pode
render momentos criativos, divertidos, impagáveis! No entanto, pra quem é
ansioso patológico como eu, ela mais onera que bonifica. Não acredito em
ansioso tranquilo ou relaxado, mas em menor grau de inquietação. Está-se mais
inquieto ou menos inquieto, pois a inquietação por vezes está “hibernada”, mas
permanece e volta vigorosa ao menor sinal de ação à vista! Quietude mesmo só ao
dormir, e assim mesmo, o mundo subconsciente dos sonhos, esporadicamente, trata
de introduzir boas doses de êxtase.
Ainda assim, prefiro sempre a inquietação a quietude covarde
e conivente! Antes a perturbação a conveniência letárgica, a mediocridade de um
cotidiano anódino, frio, sem vida, arte e poesia! Minha ansiedade existe e
tenho e terei sempre de lidar com ela, o importante é nunca irei quietar de inquietação,
nunca me conformarei nem tentarei calar a voz interior que pulsa, a voz da
crítica, da emoção e da subjetividade. Ansiar é humano, não ansiar nada nem
inquietar-se de vez em quando é como renegar a condição de humanidade.
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